quinta-feira, 6 de março de 2008

Expansão urbana x meio ambiente

Camila Bomfim / Marcos Tavares

A região onde fica a Barragem do Descoberto é considerada Área de Proteção Ambiental(APA) há 24 anos. Uma tentativa de impor limites à expansão urbana. Mesmo assim, pouco adiantou. Cerca de 40% das casas em Águas Lindas foram construídas dentro da APA do Descoberto. O município não tem rede de esgoto. A sujeira lançada sobre o solo é absorvida e vai direto para o lençol freático, o que significa risco de contaminação do lago que abastece 65% do Distrito Federal.

"Esse risco é iminente e todo mundo reconhece isso, inclusive o poder público. Em razão disso, essa APA é objeto de cuidados especiais em função justamente de garantia da qualidade da água e do abastecimento do Distrito Federal", explica o chefe da APA do Descoberto / Ibama, Lídio José dos Santos.

As bacias hidrográficas do DF são restritas. O Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) alerta: o Distrito Federal está em área de mananciais e tem água pura, mas em pouca quantidade. "O DF tem um problema de escassez crônico. Nós estamos no terceiro lugar no ranking de escassez de água no Brasil. Estados com menos água que no DF, só o Pernambuco e a Paraíba", diz a promotora Marta Eliana de Oliveira.

Do outro lado da cidade, no Paranoá, a expansão urbana chegou ao limite. "É o que nós chamamos de capacidade de suporte ou capacidade de sustentação. Então, a bacia tem o seu limite e ela não sustenta mais habitantes que um determinado limite. O Lago Paranoá tem esse ponto, que é o braço sul, o lado de expansão urbana. É o ponto que não sustenta mais aumento de população", enfatiza o chefe da assessoria especial de manejo da Bacia do Lago Paranoá, Fernando Starling.

A despoluição do lago começou em 1993, mas em alguns pontos a poluição ainda não foi vencida. Carpas chinesas ajudam na despoluição dos 5% do Lago Paranoá que ainda estão comprometidos. Os peixes se alimentam das microalgas, que são poluentes.

"É preciso estar sempre de olho, contendo o adensamento. E esse adensamento tem que ser organizado e sempre acompanhado do esgotamento sanitário", explica Fernando Starling.

O Cerrado arde na seca e avança sobre chácaras. O Parque Nacional de Brasília queimou por quatro dias em agosto. O governo chegou a decretar estado de emergência. Segundo os bombeiros, a maioria dos incêndios é causada por algum descuido do homem.

O Cerrado muda de cara a cada ano. É o que acontece na reserva ecológica do IBGE. As queimadas deram lugar às espécies exóticas, consideradas invasoras. E a mudança, segundo os ambientalistas, é quase irreversível, porque a vegetação nativa não cresce mais como antes.

E não é só a paisagem que muda. O clima também. "Só para comprar: quando a gente estaciona o carro nós temos a opção de colocar embaixo de uma árvore ou no sol. Claro que todos preferem colocar o veículo perto da árvore, isso porque o microclima naquela área é mais agradável, é mais fresquinho do que o local que você está no sol. Então, imagina isso em grandes proporções. Significa que uma árvore melhora muito mais o microclima de uma cidade, porque ela traz uma umidade maior do que se você tivesse uma área toda de asfalto. O que faz uma unidade de conservação é trazer uma maior umidade maior", exemplifica a ambientalista, Mônica Veríssimo.

Apesar de ter 93% do território com restrições ambientais, até hoje o Distrito Federal não tem um Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE). Este estudo deveria ditar os cuidados na ocupação dessas áreas.
Mas, por ordem do Ministério Público, o documento tem que ficar pronto até o ano que vem.

"Passados 12 anos, nós ainda não temos um Zoneamento Ecológico Econômico. Mas é uma determinação do PDOT, que foi assinado o Termo de Ajustamento de Conduta entre MPDF e GDF, para regularizar condomínios que o GDF tem o prazo de 18 messes para elaborar o ZEE", diz o ambientalista, Gustavo Souto Maior.

Para o Ibama, responsável por monitorar 76% do território ambiental do DF, só há uma solução: conciliar interesses. "Deverá ser considerado os interesses da área urbana, da área rural e da área ambiental. Seria compatibilizar os conflitos que existem nesse processo para procurarmos uma solução, uma proposta que atenda aos interesses públicos", afirma o analista ambiental, Manoel Araújo.

Produção: Bruna Vieira
Edição: Hosana Seiffert / Marcílio

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