quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Flautas sagradas dos Baniwa voltam a ser ouvidas no Alto Rio Negro

A intolerância religiosa de missionários evangélicos mal esclarecidos fez calar a tradição ancestral de um povo tradicional amazônico. Mas a resiliência ecocultural se manifestou e depois de tanto tempo o som das flautas e as danças tradicionais voltaram a reviver esse mesmo povo.


Talvez a antropologia explique uma certa facilidade para a música de raiz entre as gentes da grande área ecocultural circum-caribe de tronco aruaque.
(comentário nosso)

Escola Pamáali, danças tradicionais Baniwa voltam a acontecer depois de muitos anos de silêncio.
Formatura de alunos de ensino fundamental na Escola Pamáali (foto: Plinio M).

Tradicionalmente, as flautas e instrumentos são guardadas em igarapés, lá podem ficar quanto tempo for necessário, quando são retirados para as festas o som continua sendo o mesmo, muitas vezes melhor do que antes. Deixar os instrumentos na água é uma forma certa de preservar e manter as flautas em plenas condições de serem usadas.

Antes da chegada dos missionários evangelicos na região, os Baniwa realizavam suas festas de comemorações e rituais que eram realizadas em certos períodos. Depois da chegada deles, a forma de viver nas comunidades mudou também. Houve uma conversão em massa da população. Depois de alguns anos, outros preferiram voltar a viver como viviam antes, outros preferiram seguir a nova crença. Muitos velhos deixaram de passar o rico conhecimento de danças e muito conhecimento tradicional que possuiam. As flautas foram guardadas, o conhecimento guardado e demorou muito tempo para que voltasse a soar. A região ficou em silencio por um bom tempo, embora em algumas comunidades ainda estivessem acontecendo, mas, o trecho do médio ficou em silencio.

Quando em 2004, as flautas voltaram a soar na região, na primeira formatura de ensino fundamental da escola Pamáali. Dezessete jovens, e ao redor mais de 300 pessoas assistindo aquilo que há tempo os olhos não viam. Alguns velhos ficaram emocionados ao ver e ouvir o som das flautas. Quanto tempo demorou para tirarem as flautas das águas. Depois, em outras formaturas continuaram as apresentações. Hoje, na região é comum ver danças tradicionais em eventos e recpções.

Demorou, mas, é muito bom saber que os velhos não deixaram o conhecimento e as danças desaparecerem, apenas guardaram elas nos igarapés, porque sabiam que algum dia eles iriam usá-las.

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